O Evangelho deste domingo aponta para a temática da profecia. A narrativa que nos é proposta descreve a morte de João Batista, a partir de sua vida e ministério. Na perspectiva do evangelista, João sofre as consequências de sua escolha em viver de acordo com as exigências de Deus a um profeta.
O Batista não se curva ante os poderes do seu tempo. Ousa denunciar o erro, mesmo sabendo que poderia pagar um altíssimo preço, a saber, ser executado. Não está disposto a colocar panos quentes sobre nenhuma situação de desconformidade à Lei de Deus, e por isso denuncia o pecado do rei Herodes em se casar com a sua própria cunhada, Herodias. A partir de então, Herodias deseja a morte de João Batista, o que ocorrerá em um banquete realizado no palácio.
Herodes reconhece a autoridade do Batista. O tinha como homem justo e santo e, por isso o temia e o guardava com segurança. Noutros termos, havia coerência entre o anuncio e a vida de João. O temor do rei Herodes vinha exatamente da autoridade que o Batista possuía. Certamente, uma marca essencial de todo profeta de Deus.
Contudo, diante do pedido da filha de Herodias, o rei cede temeroso em ter sua imagem maculada. Por estar mais preocupado consigo mesmo do que com o que pensava acerca do Batista, manda degolar João e entregar a sua cabeça em uma bandeja a fim de satisfazer a sua enteada, o que nos faz pensar ser mais importante para o poder dominante, o status do que a vida. Ainda hoje é assim.
A narrativa se inicia num banquete, numa festa, e termina no túmulo; claramente para nos apresentar o caminho a ser percorrido pela Igreja de Jesus Cristo. Profética, precisa ter a coragem de denunciar todas as forças que geram opressão, marginalização e morte. É preciso denunciar o sistema que afronta a Lei de Deus, ainda que precisemos pagar com a própria vida. Tal qual no deserto do Batista, necessário será erguer a voz que anuncia vida. Muitos foram os mártires ao longo da história da Igreja que assim o fizeram. Que como Igreja na atualidade possamos também trilhar o caminho da profecia!
Em Cristo, Senhor da Igreja,
Rev. Rodrigo Coelho+